O que poderia ter sido um desastre na Apollo 13 se tornou uma missão de resgate de grande sucesso, renovando o interesse público para o programa espacial. Novas missões Apollo estavam sendo preparadas, a exploração na Lua iria continuar.
Apollo 14 – O Jogo de Golfe
O primeiro americano a ir ao espaço, Alan Shepard, comandaria a missão 14 para a Lua, junto dos outros dois tripulantes Stuart Roosa e Edgar Mitchell. O lançamento estava planejado para ocorrer em 1970, mas sofreu atrasos devido à investigação do incidente da Apollo 13 e nas modificações necessárias. O foguete Saturno-V partiu da plataforma 39A em 31 de Janeiro de 1971 para uma viagem de 9 dias.
Na fase de aterrissagem, dois problemas quase comprometeram a missão. O primeiro foi um mal contato num dos botões que poderia gerar um abortamento automático. A solução foi forçar o sistema a concluir que o abortamento já teria ocorrido, o que o levaria a ignorar novos comandos para isso. O segundo problema foi uma falha no radar de pouso, que foi corrigido depois de religar os disjuntores.

Nos seus dois dias na Lua, os astronautas puderam instalar alguns experimentos científicos e coletar 43kg de rochas, em especial uma rocha de 9kg, a “Big Bertha”, da borda da cratera Cone. Sobrou um tempinho ainda para Alan Shepard, que levou um taco de golfe e duas bolinhas, der umas tacadas na superfície lunar. Os cientistas não ficaram tão satisfeitos, pois a cratera Cone, de grande interesse geológico, poderia ter sido melhor explorada não fossem as estripulias de Shepard.

Apollo 15 – O primeiro Carro na Lua

A missão 15 trazia grandes novidades em relação as anteriores. O tempo de permanência na superfície lunar aumentou de 2 para 3 dias e, durante esse tempo, os astronautas poderiam explorar um terreno muito mais amplo pois estariam rodando a bordo de um carro.
O Lunar Roving Vehicle era um veículo elétrico de quatro rodas, pesando 210kg e com capacidade de transportar dois astronautas e mais uns 300kg de equipamento e amostras de solo. Podia chegar a uma velocidade de até 13km/h, rodando em média 30km nas últimas três missões Apollo.

Em termos científicos, a Apollo 15 foi um grande sucesso. Mas um pequeno detalhe acabaria manchando a imagem dos 3 tripulantes – David Scott, Alfred Worden e James Irwin. Eles aceitaram levar para a superfície lunar, de maneira escondida, 400 envelopes comemorativos que foram carimbados no lançamento e no retorno, tornando-se peças filatélicas muito valiosas. A descoberta dessa tramoia pegou muito mal para os astronautas, que acabaram sendo advertidos e nunca mais voltaram ao espaço.

Veja também
Apollo 16 e 17 – Investigações Científicas
Com o programa Apollo consolidado e sem nenhum procedimento novo para testar, restou às duas últimas missões Apollo realizarem experimentos e buscarem evidências científicas sobre a formação geológica da Lua.

A Apollo 16 pousou nas terras altas de Descartes e a 17 no vale Taurus-Littrow, ambos de idade antiga. Usando o LRV (veículo lunar), os astronautas das duas missões percorreram grandes distâncias nos terrenos que, acreditava-se, teriam sido formado por processos de vulcanismos no passado remoto. Porém, com os 200kg de rocha coletados, ficou evidente que não houve vulcanismos na Lua e a hipótese foi rejeitada. Acredita-se, hoje, que a Lua se formou de uma colisão entre um planetoide e a Terra, ejetando muito material para o espaço que, eventualmente, se coalizou no nosso satélite natural.

As duas missões levaram uma quantidade enorme de aparelhos e fizeram dezenas de medições importantes. Entre elas, espectrometria de massa, altimetria a laser, raios cósmicos, gravimetria e até um experimento com amostra biológica (camundongos).
O Fim de uma Era
Os altos custos das missões Apollo, junto da perda de interesse público no espaço e com o programa lunar soviético não tendo sucesso, os Estados Unidos foram reduzindo o escopo do programa Apollo e acabaram cancelando as missões 18, 19 e 20. Havia muitas ideias e projetos para serem desenvolvidos na lua, como a criação de uma base lunar permanente, que foram engavetados.
Agora estamos vendo uma retomada ao espaço e, se tudo der certo, veremos, nos próximos anos, novos pousos tripulados na Lua – incluindo a primeira mulher a andar na superfície lunar. Que seja glorioso o programa Artemis!